Textos


Eu nunca estou exatamente no lugar em que estou
Sou assim um emaranhado em movimento
Não reflito se devo permanecer ou se sou
Aquele que era há não mais que um momento.

Esta síndrome de não pertencer
De sentir-se estrangeiro em todo lugar
Castiga meu peito com saudades prosaicas
Que sinto sufocar-me sem cessar.


É a saudade da juventude (esta mais incerta!)
É a saudade da pele da mulher primeira
A seduzir-me em sexo de cortesã...
Saudade das capitais resplandecentes dos livros
                         de fantasia
Saudade do beijo da mãe hoje doente.



Mas por que esta inadequação que se reitera
Feito maldição no céu e na terra
A privar-me do consolo de uma identidade qualquer?
Sou mesmo este desvalido forasteiro
Que amou e ainda amaria o mundo inteiro
Se lhe fosse dado um breve sonhar...

Não sei se sonharei o sonho que redime
Tantas décadas de procura, busca, confusão...



Sinto saudades do ponto de partida
E sendo filho único, semente e razão
Ressinto-me do invencível silêncio
Daquele que poderia ter sido meu irmão.
alexandre gazineo
Enviado por alexandre gazineo em 01/03/2015
Alterado em 06/07/2015


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