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Deixa a tarde ir
Deixa a tarde seguir
Seu caminho até o crepúsculo...
Que ante este ósculo oculto
Não se erga o espanto da noite.

Ah! Porque é assim a tarde
Este pedaço de tempo que se espreme
Entre a luz primeira, a treva certa
Que nem uma menina incerta
em beijar o primeiro beijo
Mulher.

Eu também sou irmão da tarde
Tão calado em minhas tristezas
Que a mais distante das belezas
É lembrança que embebeda a alma
Pelas praias azuladas da Bahia.

Eu que há tanto vago forasteiro
Faço das tardes o altar derradeiro
Das lágrimas que confesso às estrelas.

Assim é porque não nos é dado voltar
Pelo caminho das fadas
Pelos contos das Mil Noites
As princesas foram banidas
Tantos reinos a derribar
E os olhos pelos quais olhamos
Olham sem enxergar.

Deixa a tarde ir
Deixa a tarde seguir
Porque ao lado dela
Eu também vou...
Desnudo
pobre
Cansado
Embriagado de amor.



alexandre gazineo
Enviado por alexandre gazineo em 16/04/2010
Alterado em 14/01/2011


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